quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Washi, arte feita de arroz "Conheça a técnica que produz papel a partir do mais importante alimento japonês"

Os papéis estampados podem se transformar em lindos presentes


Do mais importante alimento japonês, artesãos são capazes de produzir um papel artesanal de rara beleza, textura agradável, alta qualidade e durabilidade à toda prova

Quem observa os feixes de folhas de arroz reunidos em centros de produção do arquipélago não é capaz de imaginar que daquelas fibras disformes vai surgir um dos papéis de maior
durabilidade e beleza do mundo: o washi.

Papel artesanal que é o orgulho do japoneses, o washi é fabricado manualmente no Japão desde 702, utilizado inicialmente para a impressão de sutras budistas e, posteriormente, para documentos. Com o tempo, os nipônicos foram descobrindo inúmeras utilidades para o papel de arroz. Hoje ele é matéria-prima para a confecção de caixas, embrulhos de presentes, porta-lápis e cestas. Nas casas japonesas, é comum encontrar biombos, papéis de parede, luminárias e outros itens decorativos fabricados com o papel de arroz.

O washi ainda é utilizado para artes japonesas como origami (dobradura de papel), oshiê (pintura de pano em relevo), chigiri-e (desenhos feitos a partir de pedaços pequenos de papel colados em shikishi - placa de papel), e para confecção de bonecos de papel.

As delicadas bonecas de papel são um souvenir bastante procurado por turistas estrangeiros

Herança chinesa
Criado na China, durante o período Han (105), o papel propriamente dito chegou à Coréia, e depois, ao Japão. O coreano Doncho é considerado o responsável pela introdução do papel no arquipélago, em 610. O washi, como é conhecido hoje, surgiu em meados de 702, nas províncias de Gifu e Fukuoka. Passou a ser desenvolvido em grande escala a partir do período Nara (710). Um fato que marcou época e alavancou a arte do washi foi a impressão, em 770, de 1 milhão de sutras budistas Dharani, que foram colocados dentro dos pagodes japoneses.

A maior produção de washi se deu durante a era Meiji (1868-1912). Em 1901 existiam 68.562 pontos de produção. O número foi caindo até chegar a 400, em 1997.

Atualmente, os maiores centros produtores do papel são as províncias de Gifu, Saitama, Fukui, Tottori, Shimane e Kyoto. Cada região é especializada em determinado tipo de papel. “Como o mercado não é muito grande, cada local de produção se especializou e os papéis têm características diferentes”, explica o comerciante Tsutomu Shimizu, proprietário da Sugamo Washi, em Tokyo.

A folha avulsa do washi, no Japão, custa em média 390 ienes (9 reais). Existem folhas com desenho, mais trabalhadas, que chegam a valer 640 ienes (15 reais). O papel mais caro é o produzido manualmente quanto maior a folha, mais caro ele se torna. Na Ozu Sangyou, loja especializada que existe em Tokyo desde 1653, uma folha de medidas maiores do que 2 m por 2 m atinge o patamar dos 23 mil ienes.

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