sábado, 28 de agosto de 2010

MARACUJÁ FLOR DA PAIXÃO

Sempre leio a Revista Almanaque Brasil, tem  artigos muito interessantes e  este artigo aqui  achei super legal. espero que gostem também.

Os índios chamavam de mara kuya: alimento na cuia. Contém passiflorina, um calmante; pectina, um protetor do coração, inimigo do diabetes. Rico em vitaminas A, B e C; cálcio, fósforo, ferro. A fruta é gostosa de tudo quanto é jeito. E que beleza de flor.



O maracujá não pede licença para nascer – é “espontâneo”, dizem os botânicos. Assim é que, de repente, no começo do inverno, dou com uma trepadeira já taludinha escalando com suas gavinhas a coluna da varanda. Pelas folhas de três pontas, de um verde-escuro brilhante, vi que era um pé de maracujá. E pela ilustração de um velho livro, vi que se trata de Passiflora edulis flavicarpa. Latim: flor da paixão comestível de frutos amarelos. Ou seja, maracujá-amarelo – uma das 150 variedades, originárias do nosso torrão, que crescem nos trópicos da América. O Brasil, aliás, é o maior produtor mundial dessa fruta fecunda – cada uma contém duas centenas de sementes.
Meu maracujá confirma os manuais. Brotou espontaneamente de alguma das sementes que atirei no jardim com o resto de um drinque. O lugar não podia ser mais propício: solo de argila meio arenoso, fértil e, como ele gosta, ensolarado – só floresce com mais de 11 horas diárias de luminosidade. Seguindo o aramado que estendi para facilitar-lhe a vida, avança tão rápido que a gente nota a olhos vistos. Marquei a lápis no lugar em que a folha dianteira estava e, 24 horas depois, medi: cresceu mais de dois centímetros num dia! Seguirá nesse ritmo inverno e primavera afora e, vizinhando o verão, terei uma cortina natural para proteger a varanda do sol. Conto com as mamangabas, essas abelhonas pretas, principais responsáveis pela polinização cruzada do maracujá – só frutifica se as flores forem fertilizadas com pólen de outro exemplar. Então, de janeiro a julho de 2009, ele me presenteará com seus frutos agridoces. Não preciso me preocupar em saber quando colher: caiu no chão, está maduro. E ainda vou usufruir do prazer estético proporcionado por suas flores, que inspiram poetas através dos tempos. O mais antigo poema a saudá-lo está em As Frutas e os Legumes, do baiano Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711): O maracujá também gostoso e frio /  Entre as frutas merece nome e brio; / Tem nas pevides mais gostoso agrado / Do que açúcar rosado, / É belo, cordial e, como é mole, / Qual suave manjar todo se engole.
Mas foi o fluminense Fagundes Varela (1841-1875), nosso primeiro grande lírico, quem lhe dedicou os mais belos versos, apaixonados e carregados de reverência cristã (observe os penúltimos versos de cada estrofe, abaixo).  

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A FLOR DO MARACUJÁ
Fagundes Varela

Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá.
…..
Pelas tranças da mãe-d’água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Da flor do maracujá.
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá.
…..
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentada
Da flor do maracujá.
Por tudo que o céu revela!
Por tudo que a terra dá
Eu te juro que minh’alma
De tua alma escrava está!
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá.
…..
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em – a –
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá.
…..


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No princípio, elas eram brancas
Reza a lenda cristã que um pé de maracujá surgiu ao pé da cruz e o sangue de Jesus tingiu-lhe as flores, que eram brancas. A planta chegou a Roma no século 17, levada por sacerdotes brasileiros e oferecida ao papa Paulo V (1605-1621), que se ajoelhou diante da “revelação divina”. A flor, um cálice; cinco anteras: as chagas de Cristo; três estigmas: os cravos na cruz; filamentos: a coroa de espinhos; o roxo: sangue de Jesus. Daí o nome científico começar com “flor da paixão”: a paixão de Cristo.



Reprodução/AB
Diabéticos, hipertensos e obesos, cheguei!

O suco é calmante, diurético, depurativo do sangue. A infusão das folhas é sedativa, antifebril. A casca contém pectina, bloqueador de gordura e redutor da taxa de glicose no sangue: torrada, triturada e peneirada, fornece uma farinha; em sucos, no leite ou nas refeições – duas colheres de sobremesa – traz bons resultados ao diabético, como mostram trabalhos das universidades federais do Rio de Janeiro e da Paraíba. Contra-indicação: pressão baixa. Como dizem as bulas, não use sem consultar o médico.
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Fonte da matéria: Amanaque Brasil

6 comentários:

Nereime disse...

Bete, já votei, tá?Me conta vc é nutricionista ou médica?Seus posts são tão inteligentes!
Acho que eu devo consumir mais maracujá!!!
bjs

Nereime disse...

Bete, já votei, tá?Me conta vc é nutricionista ou médica?Seus posts são tão inteligentes!
Acho que eu devo consumir mais maracujá!!!
bjs

Lu disse...

adorei, boa semana...bjaooo
http://lucianisss.blogspot.com

Betechef disse...

Oi Nereime,sou apenas uma pesquisadora e curiosa. Como faço uma alimentação natural e balanceada, gosto de passar sempre informações saudáveis pra meus amigos.
Bjs e uma ótima quarta-feira.

Gina disse...

Oi, Bete.
Que fruta maravilhosa essa! E as flores já tive o prazer de fotografar e mostrar no blog.
Você já fez geleia com a parte branca do maracujá, que é rica em pectina? Menina, fica uma delícia! Já publiquei se interessar.
Comprei pela primeira vez maracujá doce para experimentar.
Bjs.

Betechef disse...

Oi Gina, obrigada pela visita! Eu li sua publicação que também foi muito interessante. Ainda não fiz a geléia da casa do maracujá, mas, está na minha lista de prioridades. Vou dar uma passadinha lá no seu blog e pegar a receita. obrigada pela gentileza.
Bjs!

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O SABOR DA VIDA COMEÇA NA COZINHA