sexta-feira, 13 de julho de 2007

Dicionário no supermercado

Os rótulos cada vez mais completos exigem que entendamos a nova nomenclatura alimentar.

Glúten, fenilalanina, gordura trans, refrigerante “zero”... Quem é mais curioso e costuma dar uma olhada nos rótulos dos alimentos que consome vem
se deparando com uma série de palavras diferentes,
de difícil compreensão para pessoas que não são especialistas em nutrição. No entanto, essas informações - que podem parecer científicas demais - são dados importantes, que devem ser levados em conta pelos consumidores na hora de escolher o que incluir em sua dieta.
Na metade da década de 80, os fabricantes de alimentos passaram a utilizar os rótulos com informações nutricionais como uma arma de marketing, principalmente com o boom dos produtos dietéticos. Com a busca por refeições mais saudáveis e o crescimento da preocupação com o que ingerimos, as leis tornaram-se mais rígidas - e os rótulos, mais completos. Mas, se “carboidratos”, “calorias” e “potássio” são termos que geralmente entendemos bem, o mesmo não se pode dizer desse “novo vocabulário“...

“Saber decifrar a rotulagem é fundamental para se entender o valor nutricional dos alimentos”, explica a nutricionista Mariana Del Bosco. “Pela legislação, é obrigatório que eles contenham o valor de energia, macro nutrientes, sódio e gordura trans. Sabemos que o consumo excessivo destas substâncias pode contribuir para o aparecimento de doenças crônicas, como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e hipertensão”.

Mas afinal, o que são estas substâncias e em quais casos devemos ter mais atenção? Uma das dúvidas mais recorrentes é em relação à tão comentada gordura trans. Ela é um tipo de gordura formada no processo de hidrogenação, que pode ser natural - como ocorre no estômago de animais -, ou industrial, como na produção da gordura hidrogenada. Trata-se de uma molécula de gordura que tem suas ligações de hidrogênio modificadas, em posição transversa
(daí o termo “trans”), caracterizando-se por ter menos mobilidade dentro do corpo humano.

"Saber decifrar a rotulagem é fundamental para se entender o valor nutricional dos alimentos que consumimos"

A gordura trans é encontrada em grandes quantidades em biscoitos, sorvetes, margarinas etc. Ela também pode estar presente naturalmente em produtos como leite, carne e peixe. Nos rótulos de alimentos industrializados, sua quantidade aparece somente em gramas porque não há um valor diário recomendado. Sabe-se, porém, que a ingestão dessa gordura deve ser a menor possível.

Outro termo que está em pauta atualmente é o “zero”, denominação de alguns novos refrigerantes do mercado. Ao contrário do que muita gente pensa, ele não tem exatamente o mesmo significado dos similares “light” e “diet”. O adjetivo “light” expressa que o alimento
tem um terço menos de calorias ou 50% menos de gordura do que a versão integral do mesmo produto. “Diet” é uma nomenclatura sem significado padronizado, indica apenas que algo foi modificado ou substituído. O produto poderia conter menos açúcar, sal, gordura ou colesterol do que a versão tradicional. O termo “zero” é bem mais simples: significa que o alimento não contém açúcar e nem valor calórico.

As embalagens de refrigerantes também costumam acusar a presença de fenilalanina. “Trata-se de um aminoácido que não deve ser consumido por portadores de fenilcetonúria (uma doença de nascença caracterizada por um erro raro do metabolismo de algumas pessoas, que gera acúmulo de fenilalanina no sangue e pode levar a danos cerebrais - este problema é detectado com o teste do pezinho). Todos os produtos com aspartame, um edulcorante que substitui o açúcar, devem expressar este aviso”, alerta Mariana Del Bosco. Segundo ela, o glúten de alimentos a base de trigo, centeio ou cevada é outro elemento cuja presença deve ser explicitada. “Há muitas pessoas que são intolerantes a essa proteína. Com a regulamentação dos rótulos, não existe risco de encontrarem glúten inadvertidamente em suas composições”.

Por fim, a nutricionista revela que até as informações sobre acidulantes, conservantes, corantes e aromatizantes devem ser vistas com cuidado pelos consumidores. “Apesar de não ser comum, existem pessoas alérgicas a alguns tipos de substâncias que podem eventualmente estar presentes nas comidas e bebidas”. Por isso, conhecer o próprio organismo e manter o olhar atento aos rótulos do que se consome são medidas essenciais para a garantia de uma alimentação mais saudável.

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